Você sabia que a margarina era branca?
Louis Cheskin: o homem por trá
Quem foi Louis Cheskin?
Louis Cheskin (1907–1981) foi um psicólogo e pesquisador americano nascido no Império Russo. Ele se destacou como um inovador em marketing, aplicando métodos científicos e psicológicos ao design de produtos e à percepção do consumidor
Ele foi o fundador do Color Research Institute of America, posteriormente Louis Cheskin Associates, e é autor de obras influentes como Color for Profit (1951), em que defende que o gosto pouco importa quando o design vende melhor, e que consumidores transferem sensações do design e embalagem para o produto, conceito que ele chamou de sensation transference
O experimento com a margarina, e a cor amarela
Nos anos 1940, a margarina era pouco consumida nos Estados Unidos. Perdeu popularidade não pelo sabor, mas principalmente por sua aparência: era branca, lembrando gordura ou banha, pouco atraente aos consumidores.
Cheskin foi contratado para investigar esse entrave. Ele recomendou tingir a margarina de amarelo, para que lembrasse a manteiga. Mas a ideia foi testada de forma inteligente:
- Promoveu almoços com donas de casa, sem revelar que estavam avaliando margarina. Havia palestras e, entre o alimento, serviu-se a versão amarela disfarçada como manteiga.
- Após o evento, as mulheres avaliavam a comida e os palestrantes, sem saber que, na verdade, estavam comparando margarina colorida com manteiga. As avaliações mostraram que ninguém percebia diferença de sabor
Além disso, Cheskin transformou toda a experiência do produto:
- Embalagem em papel-alumínio (ao invés do papel encerado), para transmitir sensação de qualidade.
- O nome “Imperial” com um logotipo de coroa, conferindo prestígio ao produto

Essa abordagem multifacetada impulsionou as vendas de margarina de forma notável, especialmente durante a Segunda Guerra Mundial, quando a escassez de manteiga ajudou ainda mais.
Sensation transference e a influência da cor
O termo sensation transference descreve o fenômeno observado por Cheskin: as pessoas transferem inconscientemente suas impressões sobre a embalagem, cor, textura e símbolo para o produto, afetando sua percepção de sabor, qualidade e valor
No caso da margarina, a cor amarela associada à manteiga gerou mudanças notáveis: consumidores avaliaram margarina amarela como saborosa, mesmo sem saber que era margarina. Já a margarina branca permanecia impopular
O que isso tem a ver com embalagens personalizadas?
A lição deixada por Louis Cheskin vai muito além da margarina. O que ele comprovou é que a forma como um produto é apresentado pode ser tão decisiva quanto seu próprio sabor ou qualidade. Foi a cor, o design e a embalagem que mudaram a percepção das pessoas e transformaram a margarina em um item aceito e desejado.
No universo atual, acontece o mesmo: embalagens personalizadas não são apenas um detalhe estético, mas um recurso estratégico. Elas comunicam valor, transmitem confiança e criam uma experiência que o consumidor leva consigo.
Assim como a margarina só conquistou espaço quando passou a parecer mais apetitosa, os produtos de hoje também ganham destaque quando estão envolvidos pela embalagem certa, pensada para despertar sensações, contar histórias e agregar valor à marca.